O legado de Vivienne Westwood na moda
Transgressora, ousada, polêmica, irreverente, e, acima de tudo, autêntica. Assim pode ser descrita a estilista inglesa Vivienne Westwood. Considerada “a mãe do punk”, a designer tem sua trajetória marcante na moda internacional, da rebeldia do punk e do new wave à luta pela defesa do meio ambiente
Com roupas com motivos políticos, críticas sociais, temas eróticos, com abundância das cores preta e vermelha, couro, correntes e rasgos, a marca ao oferecer essa moda provocadora e despojada, mas com um toque de sofisticação se tornou uma das mais queridas da indústria.
Na última quarta-feira, 29 de Dezembro, o mundo se deparou com a triste notícia do falecimento da estilista aos 81 anos de idade, deixando um legado imenso na história da moda. Confira abaixo sua trajetória:
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O começo de tudo
Vivienne Isabel Swire nasceu em 1941 em uma cidade rural de 1.500 habitantes na região de Derbyshire e se mudou para Londres ainda jovem, aos 17 anos. Começou um curso na Harrow School of Art e, por acreditar que não tinha talento suficiente para as artes, largou a faculdade e virou professora de uma escola primária.
Vivienne então se casou com seu primeiro marido, Derek Westwood, que lhe deu o sobrenome e o nome artístico mundialmente conhecido e adotado até o dia de seu falecimento. Porém, foi somente após o divórcio e na segunda união, com o produtor e agente da banda Sex Pistols, Malcolm McLaren, que ela animou o mundo underground e se consagrou como a grande precursora do punk na moda.
Entrada no mundo da moda
Junto com McLaren, abriu sua primeira loja em 1971 chamada “Let it Rock” na King’s Road, na periferia de Londres. Lá decolavam as novidades extravagantes da moda da época. A loja, que mudaria de nome várias vezes – (“Too Fast to Live, Too young to Die” e “Sex” seriam alguns) -, ainda está presente no número 430, com o nome de Worlds End.
A loja inicialmente vendia LPs de música, objetos vintage e peças de vestuário que ambos criavam em conjunto, pois, não eram adeptos do dominante estilo hippie à época. Entre as peças camisetas com imagens e slogans provocativos como forma de rebelar-se contra a estrutura social de classes britânica, o que os levou a responder a vários processos judiciais sob a legislação “anti obscenidade” britânica.
A partir das criações fetichistas, repletas de peças em vinil, calças jeans rasgadas, couro, correntes, zíperes, alfinetes e botas militares, Vivienne e McLaren criaram os códigos de vestimenta do “punk rock” e os inscreveram no imaginário coletivo. A irreverente e revolucionária estilista começou a realizar seu sonho, criando com liberdade essas peças que eram dominadas pelo preto, vermelho e tartar (uma de suas marcas registradas até hoje). McLaren passou a vestir a banda Sex Pistols com as criações de Vivienne, aos poucos as tornando conhecidas.
O grande sucesso na moda
Na década de 1980, o estilo subversivo e rebelde do punk rock se popularizou, virou mainstream e deixou de representar o anti-establishment e o inconformismo da década de setenta, para se tornar parte da cultura pop. Foi nesse momento que Vivienne, sempre uma iconoclasta, já prestes a se separar de Malcolm Mclaren, e desiludida com os rumos que tomou o movimento, abandonou o estilo que a consagrou.
Por possuir muitas referências adquiridas durante os breves anos em que estudou arte, a estilista passou a lançar coleções que se tornaram sucesso na Inglaterra e na França, como a Pirates (1981), que apresentava looks com cortes inspirados nos século XVII e XVIII; algo mais romântico com um olhar histórico.
Um ano mais tarde, em 1985, lançou a coleção Mini-Crini, que marcou o que Westwood descreveu como uma “mudança fundamental” em direção à alfaiataria e um foco mais deliberado em reelaborar ideias inspiradas em roupas históricas. Repleta de referências à indumentária inglesa, essa coleção apresentou as saias com crinolina (armações usadas sob saias para lhes conferir volume) usadas no século 19 pelas mulheres e os casacos vestidos pela Rainha Elizabeth II quando criança. Tudo revisitado ao estilo Vivienne, é claro.
Expansão da marca
Em 1987, Vivienne criou sua primeira coleção para o público masculino mostrando muito erotismo, como não poderia deixar de ser. No ano seguinte, com o lançamento da coleção Time Machine, repleta de elementos históricos da pintura e artes decorativas do século XVIII, inaugurou seu ingresso no mundo da alta moda, sendo aclamada novamente pelo establishment contra o qual tanto lutou.
Embora muitas vezes fosse considerada “não comercial”, Westwood permaneceu impassível, impulsionada pela aclamação da indústria da moda, incluindo o prêmio de Designer de Moda Feminina do Ano entregue pelo British Fashion Council em 1990 e 1991. Suas ideias muitas vezes atingiram o público muito rapidamente, e ela começou a ganhar uma quantia significativa de dinheiro com suas lojas em Londres e também vendas internacionais.
Em 1993 dividiu sua marca de roupas femininas em duas linhas diferentes: Gold Label (alta-costura) e Red Label (Prêt-à-Porter). Nos anos seguintes continuou causando polêmica, como por exemplo, em 1994, em que os bumbuns das modelos ficavam expostos na passarela. O estilo escocês virou um padrão em suas coleções, normalmente ironizado, como em 1997 quando criou baseado neles, roupas femininas sensuais e provocativas.
Com a virada do milênio, a Vivienne Westwood cada vez mais se tornou uma marca de moda extremamente desejada, com pontos de venda (incluindo corners nas mais sofisticadas lojas de departamento) em todo o mundo e passou a oferecer uma série de linhas (Femme, Homme, Anglomania), bem como malharias, acessórios, jóias, perfumes e até objetos de decoração.