Cartier – a maior e mais icônica joalheria do mundo

A multinacional francesa Cartier é reconhecida mundialmente pela sua produção de objetos de luxo, entre eles relógios e jóias. As sofisticadas alianças e gargantilhas da marca são alguns dos itens mais cobiçados em todo o segmento da alta joalheria.  

À marca é atribuída a popularização do relógio de pulso masculino, desenvolvido por solicitação do aeronauta brasileiro Santos Dumont. O protótipo foi criado em 1904, com tiras de couro presas a uma caixa metalizada, e recebeu o nome de “Santos”.

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Além desse vínculo de grande prestígio histórico, a história da Cartier é marcada pela proximidade com diversas celebridades e membros de famílias reais. O Rei Eduardo VII do Reino Unido se referiu a empresa como “a joalheria dos reis e o rei dos joalheiros.“

Atualmente a marca possui 171 anos, e é uma das mais antigas joalherias do mundo. Possui uma reputação invejável pela qualidade e sofisticação de suas peças e é um sinônimo de luxo desde que foi criada.

A Cartier hoje é uma subsidiária da Compagnie Financière Richemont SA. Confira a seguir a história sobre a Cartier.

A história da fundação da Cartier

Essa que é uma das maiores e mais tradicionais joalherias do mundo foi fundada em 1847, quando Louis-François Cartier assumiu o controle da oficina de joias do seu mestre, Adolphe Picard. O ateliê era localizado na rua mais cara e chique de Paris na época, a Rue Montorgueil.

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Nesse contexto, Cartier resolveu patentear a sua própria marca, que na época já possuía a identidade visual composta pelo famoso coração entre as iniciais L e C em um losango. Na época ele mal poderia imaginar, mas esse era o início do império do que viria a se transformar em uma das mais luxuosas grifes de relógios e jóias do mundo.

Em 1852, o príncipe Luís Napoleão instituiu o império na França e se transformou no Imperador dos Franceses, com o título de Napoleão III. Através da Condessa Nieuwerkerken, a Cartier se tornou um dos principais fornecedores da Corte Real.

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O atendimento personalizado e elitizado foi implementado pela Cartier em 1853, o que possibilitou que a empresa abrisse suas portas para uma clientela seleta, privada e exclusiva. Pouco depois, em 1859, o jovem empresário mudou sua loja para o Boulevard des Italiens, onde pôde conquistar uma clientela mais ampla, composta pelas damas da alta sociedade.

A Cartier se manteve nesse local por cerca de quarenta anos.

Nessa época, as jóias da Cartier passaram a ser muito procuradas por se tratarem de peças com toques leves, em contraste com os ornamentos demasiado formais e pesados comumente usados nesse período.

Não tardou até que as peças da Cartier chegassem ao conhecimento de Eugénia de Montijo, esposa de Napoleão III e Imperatriz dos Franceses. Ela encomendou à loja um conjunto de chá em prata e desde então passou a ser uma cliente fiel de Cartier. Esse fato foi um grande divisor de águas para a marca, que a partir de então começou a se tornar cada vez mais conhecida.

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Em 1873, Alfred Cartier, o filho de Louis-François, ingressou como sócio no negócio do pai e contribuiu para expandi-lo consideravelmente. Foi ele o responsável por incluir os relógios à produção da empresa. O filho de Alfred, Louis, também entrou na sociedade em 1989, e a loja passou a se chamar Alfred Cartier & Fils.

No ano seguinte, a loja mudou para o bairro Vendôme, que acabou se tornando o coração internacional da joalheria. Em 1902, foi inaugurada a Cartier de Londres, uma modesta loja comandada por Pierre Cartier, também filho de Alfred.

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Nessa mesma época, a grife recebeu um pedido especial de Eduardo VII, o Rei da Inglaterra: uma encomenda de 27 tiaras para a sua cerimônia de coroação. Dois anos mais tarde, o rei honrou a grife com o certificado de Fornecedor da Corte, o que conferiu à marca o patamar de mais prestigiosa do mundo.

A invenção do relógio de pulso

Louis Cartier era um amigo próximo do aviador Albert Santos Dumont.

O brasileiro na época se queixava com frequência da pouca praticidade conferida pelos relógios de bolso, que eram pouco confortáveis para serem usados durante os voos devido a sua falta de acessibilidade: era preciso tirar o relógio do bolso e abrir sua tampa para então ver as horas.

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Foi dessa forma que Louis teve um insight e decidiu desenhar e produzir um relógio de pulso plano para o amigo, o que veio a ser uma invenção revolucionária, que veio a transformar o cotidiano de muitos homens da época.

Desafios da marca e expansão internacional

Em 1909 foi aberta a primeira loja Cartier nas Américas, em Nova York. Nessa mesma época, mudou seu endereço em Londres e abriu lojas em Moscou e no Golfo Pérsico, o que marcou o início de uma grande expansão internacional da marca.

Uma sofisticada boutique da Cartier foi inaugurada em 1935 na cidade de Monte Carlo, em Mônaco, seguida em 1938 por uma unidade em Cannes.   

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A grife passou por grandes dificuldades durante a Segunda Guerra Mundial, quando sua produção e suas vendas caíram vertiginosamente. Tanto até que é muito difícil de encontrar informações a respeito da marca e das suas criações nessa época.

A situação se agravou em 1942, quando Louis Cartier faleceu e seus herdeiros não obtiveram grande sucesso em dar prosseguimento ao seu trabalho. A marca se manteve estagnada artística e financeiramente por algumas décadas, até que em 1968 um grupo de investidores liderados por Robert Hocq comprou uma parte da empresa e assumiu o comando da grife.

Esse foi também um grande marco histórico para a empresa, quando ela então deixou de ser uma empresa familiar para se tornar uma multinacional. Essa mudança foi fundamental para dar o sopro de juventude e modernidade que a Cartier há anos precisava.

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Alain Perrin foi seu principal executivo durante essa época, e foi o principal responsável pelas grandes mudanças ocorridas nesse período, tais como a adesão e o uso de novos tipos de materiais.

Em 1973, por exemplo, foi criado o conceito Les Must de Cartier, que engloba a ideia do desenvolvimento mais acessível e moderno de produtos, como jóias e acessórios em couro (bolsas e carteiras, por exemplo), mantendo a tradição centenária da Cartier.

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No final da década de 1970, todo o grupo foi unificado em uma única empresa, chamada Cartier Monde, reunindo as três maisons (Paris, Londres e Nova York).

Em dezembro de 1979, Robert Hocq faleceu aos 63 anos, vítima de um acidente de carro. A década seguinte foi marcada por uma nova era para a marca francesa, que passou a ampliar o seu catálogo de produtos, incluindo canetas, perfumes, óculos de sol e de grau e produtos de arte e mesa (feitos de porcelanas, pratas e cristais).

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Com essa grande diversificação de produtos, a empresa atingiu novos clientes dispostos a ostentar o luxo e a exclusividade que a marca tinha a oferecer. Em 1983 também foi lançada a coleção “Collection Ancienne Cartier”, dedicada a reunir peças para ilustrar a evolução histórica e artística da joalheria. Posteriormente, essa coleção passou a se chamar “Cartier Collection”.

Em 1993, a marca francesa passou a compor o grupo Vendôme, que atualmente é o conglomerado Richemont.

A ligação íntima da marca com a arte resultou na revista Cartier Art, lançada em setembro de 2001. O objetivo dessa iniciativa era expressar uma visão singular sobre a arte e a arte de viver, além de, é claro, ajudar a perpetuar os valores fundamentais da marca.

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A capa de todas as edições é trabalhada em cima da paleta de cores que é símbolo da marca, baseada no vermelho-escuro.

Nos anos seguintes, a Cartier seguiu inaugurando inúmeras lojas em endereços nobres e privilegiados de diversas cidades cosmopolitas ao redor do mundo.

Lançamentos de destaque

Além da revolução ao criar o relógio de pulso, conforme citado anteriormente, a Cartier é dona de uma série de lançamentos prestigiosos, que alcançaram grande sucesso e destaque.

Muito antes de criar o primeiro relógio masculino para o aviador Santos Dumont, a grife já havia lançado, em 1888, um dos primeiros relógios de pulso da joalheria, direcionado especificamente ao público feminino.

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Entre as criações mais antigas e mais impressionantes está a produção, em 1910, de um anel com o diamante azul Hope, de 44 quilates. Pouco depois, em 1913, a Cartier lançou o relógio Mystery, que chamou muito a atenção pelo seu efeito de ilusão de ótica, que fazia parecer que os ponteiros pareciam flutuar dentro da caixa do relógio.

Em 1914, a Cartier criou uma das joias que viriam a se tornar um grande fetiche entre seus consumidores mais assíduos. A pedido do Duque de Windsor, a marca confeccionou um broche Panthère em platina, trabalhado sobre uma safira caxemira em cabochão 152.35 quilates.

Nas décadas seguintes, as joias com a pantera passaram a ser desejadas por mulheres do mundo todo, o que fez com que a peça se tornasse um dos símbolos da refinada maison francesa.  

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O anel Trinity foi lançado em 1924. A peça foi criada em parceria com o artista plástico Jean Cocteau, para presentear um amigo de Cartier. Trata-se de três alianças entrelaçadas, em três tons de ouro: o branco representa a amizade, o amarelo a fidelidade, e o rosa, o amor. Extremamente elegante, essa peça é até hoje uma das mais desejadas da Cartier.

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A coleção cresceu e hoje inclui algumas variações, como brincos e peças decoradas com diamantes, com opções em platina e cerâmica.

O primeiro relógio à prova d’água do mundo foi lançado no ano de 1933, e batizado de Pasha. A peça possuía uma coroa ligada à caixa por uma corrente, o que garantia que funcionasse embaixo d’água.  

Em 1981 foram lançados os primeiros perfumes da marca: Must de Cartier para o público feminino, e Santos, para o masculino. Desde então a marca já lançou mais de 90 perfumes.

A coleção Meli Melo foi apresentada décadas mais tarde, em 2001. É composta por jóias feitas a partir de pedras brasileiras, como a água-marinha e a granada laranja.

Em 2004 foi lançada a nova coleção de relógios Santos 100, em comemoração aos 100 anos de criação da série Santos Dumont. As peças dessa coleção são compostas em ouro e aço, e mesmo após um século da sua patente, conservam todos os seus parafusos originais. Somente cinco artesãos em todo o mundo sabem como montar a peça com perfeição.  

O perfume feminino La Panthère foi lançado em 2014, remontando ao emblemático símbolo da marca. A luxuosa embalagem exibe a fronte de uma pantera, esculpida de tal forma a remeter a um diamante. O perfume é composto por aromas de gardênia e almíscar, formando o que a Cartier chama de “floral felino”.

Responsabilidade social

A Cartier criou em 2006 o concurso internacional Cartier Women’s Initiative Awards. Trata-se de uma iniciativa feita em parceria com o Women’s Forum, McKinsey & Company e a escola de negócios INSEAD. Seu objetivo é identificar, apoiar e incentivar projetos inovadores liderados por mulheres empreendedoras.

Há alguns critérios para concorrer ao concurso: os projetos devem ter fins lucrativos, serem criativos, estarem ainda na fase inicial (de um a três anos de atividade) e, é claro, serem comandados por uma mulher.

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A ideia é dar incentivo e apoio às mulheres que almejam um futuro empresarial e que tenham audácia e criatividade para atuar no mercado de trabalho de maneira inovadora.

Seis mulheres empreendedoras são premiadas anualmente, uma em cada continente. Em 2014, uma brasileira venceu a competição pela primeira vez. Bel Pesce foi a campeã entre as candidatas daquele ano, com seu projeto FazInova: uma escola de empreendedorismo, inovação e networking, que oferece cursos online gratuitos sobre essas temáticas.

Até o momento, o concurso já ajudou mais de 140 mulheres em todo o mundo. Nos últimos anos, negócios de áreas diversas foram contemplados com o prêmio, tais como moda, saúde, viagens, consultorias, indústria alimentícia e mercado financeiro, entre muitos outros. Todos os projetos selecionados geram grande impacto social ou ambiental.

A Cartier dos dias atuais

Ainda hoje a marca segue fielmente a filosofia de “inovar sem perder a classe, transformar com bom gosto e ser a vanguarda da criação com a audácia da excelência”. Se tornou um verdadeiro ícone da joalheria por descobrir que a platina é mais duradoura que o ouro branco. Além disso, a Cartier é a responsável por desenvolver o diamante em forma de baguete (retangular).

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Atualmente, a loja possui mais de 200 boutiques, e marca presença em 125 países, contando com aproximadamente dez mil revendedores licenciados. Há três lojas conceito em prédios históricos de Paris, Londres e Nova York.

Segundo estimativas da consultoria britânica Interbrand, a Cartier está avaliada atualmente em mais de 7 bilhões de dólares, ocupando a 62ª posição no ranking das marcas mais valiosas do mundo.

A loja está presente no Brasil desde a década de 1970, inicialmente representada pela Natan. Em 1997, inaugurou sua primeira loja própria no país na badalada Rua Haddock Lobo, em São Paulo. Em 1999 abriu a primeira loja no Rio de Janeiro, em Ipanema, que acabou sendo fechada após alguns anos.

A Cartier é considerada hoje a maior joalheria do mundo, e é responsável pela criação, produção e venda de jóias, relógios, perfumes, artigos em couro e acessórios.

Aproximadamente 75% do faturamento da marca é gerado por jóias e relógios. Conforme citado anteriormente, a maison francesa integra, atualmente, o Grupo Richemont, um dos três maiores conglomerados que controlam o mercado de luxo global.