Alessandro Michele deixa a Gucci
Uma das relações de maior sucesso do mundo da moda acaba de terminar: a de Alessandro Michele e da maison italiana Gucci. Após sete anos a frente do cargo de diretor criativo da marca, marcados por muito sucesso e aumento da popularidade da grife, Alessandro deixa o cargo.
O anúncio foi feito na última quarta feira, 23 de Novembro, através de um comunicado de imprensa.
“Há momentos em que os caminhos se separam por causa das diferentes perspectivas que cada um de nós pode ter. Hoje termina para mim uma jornada extraordinária, durando mais de vinte anos, dentro de uma empresa à qual dediquei incansavelmente todo o meu amor e paixão criativa. Durante esse longo período, a Gucci foi minha casa, minha família adotiva. A esta família extensa, a todos os indivíduos que cuidaram dela e a apoiaram, envio meus mais sinceros agradecimentos, meu maior e mais sincero abraço”, explicou Michele em um comunicado de imprensa que foi enviado na noite de quarta feira pelo Grupo Kering.
“Tive a sorte de ter tido a oportunidade de conhecer Alessandro no final de 2014, desde então tivemos o prazer de trabalhar juntos, pois a Gucci traçou seu caminho de sucesso nos últimos oito anos. Gostaria de agradecê-lo por seus 20 anos de compromisso com a Gucci e por sua visão, devoção e amor incondicional por esta casa única durante seu mandato como diretor criativo,” disse Marco Bizzarri, presidente e CEO da Gucci no comunicado.
Por um tempo, houve um questionamento se o designer romano deveria ou não ficar no cargo de chefe de estilo. Especialmente desde que as vendas desaceleraram no começo do ano, um problema que o grupo de luxo, que é extremamente dependente de sua marca estrela, necessita resolver.
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No entanto, François-Henri Pinault, proprietário do grupo, elogiou o trabalho de Alessandro dizendo: “O caminho que Gucci e Alessandro percorreram juntos nos últimos anos é único e permanecerá como um momento marcante na história da Maison. Sou grato a Alessandro por trazer tanto de si nesta aventura. Sua paixão, sua imaginação, sua engenhosidade e sua cultura colocam a Gucci no centro do palco, onde está o seu lugar. Desejo a ele um ótimo próximo capítulo em sua jornada criativa.”
A Gucci, potência do grupo Kering, alcançou vendas de 9,73 bilhões de euros em 2021, um aumento de 31%, respondendo por mais da metade da receita do grupo e três quartos de seu lucro operacional. No terceiro trimestre, registrou crescimento orgânico de 9% em comparação com +4% no segundo trimestre (+18% em dados publicados), e 8% nos primeiros nove meses do ano para 7,75 bilhões. Quando esses resultados foram publicados em outubro, a administração repetiu que a recuperação estava em andamento, mas que era um processo de médio a longo prazo.
Alessandro Michele e sua importância na Gucci
Com a chegada de Alessandro Michele e do CEO Marco Bizzarri em 2015, a casa experimentou uma série de saltos espetaculares até 2019, antes de ser interrompida pela Covid, sendo a China um dos maiores mercados da Gucci. Sua desaceleração acelerou desde o início do ano, enquanto outras casas de luxo registravam crescimento recorde.
Com seu estilo eclético e detalhista, misturando gêneros e influências, mesclando excentricidade e peças mais clássicas, o designer conseguiu dar à casa histórica o impulso que precisava na época. Seu sucesso imediato foi acompanhado por uma estratégia de criação de um universo único e reconhecível em torno de seu estilo, que foi sendo enriquecido ao longo das estações. Mas essa estética oferecida de estação para estação parece ter perdido força no ano passado e parece ser menos desejável hoje.
Mas, ainda, sim, o designer teve uma grande importância dentro da casa de moda italiana. Alessandro foi o responsável por trazer para as peças e artigos da marca influências de décadas passadas, principalmente a de 1970, estampas geométricas, superfícies metalizadas, cores da estética vintage, e questões consideradas polêmicas como a quebra do tabu da liberdade de escolha e igualdade de gênero, sendo o pioneiro nesse assunto no setor.
O diretor criativo sempre se manteve fiel à sua estética e identidade visual. Também foi influente em tornar a moda menos descartável, sendo o primeiro designer da nova geração a repetir a mesma peça ao longo de diversos desfiles ou coleções e advogar por uma mudança no ritmo de lançamento de coleções. Michele foi um dos designers mais ousados no quesito de mudança de formatos de suas apresentações, como é o caso do desfile que foi feito dentro do festival de cinema e moda Gucci Fest.
Alessandro também foi o responsável por algumas das parcerias de maior sucesso e lucrativas da marca com celebridades, como é o caso da com o cantor e ator britânico Harry Styles, Jared Leto, Dakota Johnson, Lady Gaga, Billie Eillish, dentre muitas outras.
E, é claro, não podemos deixar de mencionar as colaborações com grandes grifes, que entraram para a história da moda, com grande destaque para o The Hacker Project com a Balenciaga e a com a Adidas, ambas lançadas no últimos 12 meses.
Ainda não há um nome cotado para substituir Alessandro Michele no cargo de diretor criativo da Gucci.