Por que as grandes marcas estão finalmente levando o mercado de segunda mão a sério?
Foi anunciado recentemente que a cadeia de lojas fast fashion sueca H&M irá começar a revender peças de segunda mão. O website H&M Rewear irá começar a funcionar, em um primeiro momento, apenas no Canadá e estará disponível a partir do dia 07 de Setembro, conforme dito para o site Bussiness of Fashion. Caso seja uma empreitada de sucesso, a empresa irá considerar expandi-lo para outros países.
A marca de fast fashion se junta agora a uma lista em crescimento de diferentes marcas tradicionais de moda e varejistas que estão abraçando o mercado de segunda mão. No mês de Julho, a marca americana Madewell anunciou que irá expandir sua parceria com a ThredUp (loja online de consignado e também bazar) para criar o programa Madewell Forever, que irá permitir que consumidores possam trocar jeans usados em troca de créditos na plataforma da ThredUp.
Mudança no comportamento do mercado de moda
Em Março de 2021, o Grupo Kering adquiriu 5% das ações da Vestiaire Collective (maior plataforma de re-sale da Europa), decisão tomada devido ao grande aumento da procura por peças de luxo de segunda mão, principalmente durante a pandemia e também com com o pensamento voltado para a moda sustentável.
Além do Grupo Kering, na semana passada, a loja de departamento inglesa Harvey Nichols anunciou que irá lançar o serviço de revenda em parceria com a Reflaunt, um provedor de tecnologia, para seus consumidores. Esta será a mesma companhia que trabalha com a H&M no mercado.
Estas ações são grandes mudanças na indústria da moda, e, até recentemente, o mercado de segunda mão era vista como uma competição para peças novas ou até mesmo que muitas eram falsificações. Entretanto, a demanda dos consumidores para artigos de segunda mão vem disparando e os maiores sites de revenda agora são avaliados na casa dos bilhões de dólares. Apenas no ano de 2021, duas das maiores plataformas de artigos de segunda mão, a ThredUp e a Poshmark, se tornaram públicas (ou seja, qualquer pessoa pode comprar ações) e se focaram no público consumidor mais jovem.
Oportunidade de negócio no mercado de revenda
Muitas pessoas, principalmente marcas e varejistas não pensam em tornar a revenda na parte majoritária do seu negócio, ou nem de lucrar em cima dele. Em vez disso, eles vêem peças de segunda mão como um serviço adicional que eles podem oferecer aos consumidores que compram em sites de revenda de qualquer jeito (por exemplo, a ThredUp vende cerca de 48,000 itens apenas da coleção feminina da H&M).
Opções de revenda interna são ótimas maneiras de atrair novos consumidores, e também algumas perguntas críticas de se vendas de peças de segunda-mão estão ajudando o planeta, mas a marca dá prioridade de moda sustentável. Esta é uma oportunidade de mostrar isso.
O atrativo da Revenda
Para a sueca H&M, o Rewear cumpre com os extensos objetivos de sustentabilidade da empresa. Ela já está em processo de executar seus comprometimentos de manufaturar todos os seus produtos à partir de materiais que sejam reciclados ou obtidos de forma sustentável, por exemplo até 2030.
Contudo, varejistas também estão vendo oportunidades de ganhar espaço em mercados onde a revenda não está muito bem estabelecida. Por exemplo, Poshmark opera no Canadá, enquanto a Thred Up não.
O Impacto da Revenda no Meio Ambiente
Quando uma marca anuncia que vai começar a participar no mercado de revenda, ela muito frequentemente se beneficia da oportunidade de promover seu comprometimento com a sustentabilidade. Tanto a H&M quanto a Madewell, por exemplo, citam o “fechar o ciclo” como o incentivo por trás de suas iniciativas de entrar no mundo da revenda.
“O impacto da revenda na moda no quesito de emissões de dióxido de carbono depende de dois fatores: é a energia adicional e os recursos que são necessários para mover o produto de um consumidor para o outro, seja isso de fato o que leva uma redução na manufatura primária,” disse Frédéric Tavoukjian, Gerente Nacional da H&M Canadá.
Em um estudo publicado em Maio um jornal acadêmico na Universidade de LUT, na Finlândia, foi constatado que o mercado de revenda possui menos impacto nas mudanças climáticas do que outros dois métodos que são comumente usados na criação de moda circular: reciclagem têxtil e o aluguel de peças (prática que vem crescendo a cada ano).
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