Goyard – um dos maiores nomes do segmento de mercado de luxo
A marca francesa Goyard é atualmente uma das maiores referências de luxo no que diz respeito à produção de malas e baús de viagem. A grife alcançou esse posto priorizando um método de trabalho exclusivo e seletivo com foco na personalização de suas peças, o que é muito valorizado no mercado de luxo.
Essa personalização pode ser feita de várias maneiras, desde baús e malas feitos sob encomenda até detalhes especiais, como iniciais e faixas que podem ser pintadas nos produtos de acordo com a preferência de cada cliente. Isso possibilita que cada consumidor adquira um produto único.
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Tendo em sua carteira de clientes compradores famosos como o Duque e a Duquesa de Windsor, a Goyard se tornou um verdadeiro ícone de sofisticação e exclusividade.
A sua excentricidade, porém, não para por aí. A marca construiu e mantém o seu nome sem trabalhar com anúncios ou conceder muitas entrevistas, o que é um fato um tanto quanto curioso levando em consideração o seu sucesso.
Conheça a seguir a história de uma das mais misteriosas marcas de luxo do mundo.
A grife Goyard e sua história de tradição e exclusividade
A Goyard não trabalha com anúncios, não realiza venda online de seus produtos, não costuma conceder entrevistas e também não paga celebridades ou influencers para divulgarem a sua marca. De que maneira então a grife conseguiu alcançar tanto sucesso e renome?
O começo dessa história tem início com François Goyard, um artesão que com apenas 17 anos se mudou de Borgonha para Paris com o objetivo de trabalhar na Maison Morel, a maior fabricante de baús de viagem da época.
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Oito anos depois Goyard se tornou o herdeiro profissional de Henri Morel, e em 1853 abriu sua própria loja na rua Saint-Honoré, intitulada La Maison Goyard e através da qual começou a comercializar suas criações. Durante as três décadas seguintes, o negócio fundado por Goyard se expandiu com a ajuda do seu filho Edmond, conquistando toda a aristocracia francesa.
Desde o seu início, a marca se formou a partir da propaganda boca-a-boca feita pelos seus clientes influentes e fora administrada com muita estratégia. Suas primeiras filiais foram abertas em locais considerados destinos de férias tradicionais entre o público nobre, tais como Bordeaux, Biarritz e Monte Carlo.
Nessa mesma época também foram estabelecidas parcerias com lojas de departamento, o que possibilitou que a marca chegasse à Filadélfia e Nova York.
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Entre as tradições de produção da Goyard está a composição de seus produtos, que geralmente são feitos a partir de uma mescla de cânhamo, linho e algodão de primeira classe, garantindo a qualidade que se tornou reconhecida no mundo todo.
O toque final fica por conta da goma aplicada nos produtos, que confere impermeabilidade e resistência contra a chuva e a maresia.
Século XX
Na virada para o século XX, a Goyard surpreendeu o mundo da moda ao inaugurar um departamento específico para atender proprietários de animais de estimação que almejavam vestir seus pets com os acessórios da grife francesa, tais como coleiras e caixas de transporte.
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Em 1931, a Goyard patenteou o Malle Bureau, baú de viagem que poderia ser convertido em uma pequena peça de mobiliário que incluía uma mesa, feita para acomodar uma máquina de escrever. Um item inovador e rico em sua proposta e simbologia.
Ao contrário de marcas como a Louis Vuitton, que se tornou um verdadeiro império, a Goyard optou por se manter pequena e fiel às suas origens, para dessa forma poder conservar seu modo de produção artesanal. No período pós-guerra, no entanto, a marca passou por momentos de crise, quando teve de fechar as lojas de Boston, Biarritz e Monte Carlo.
A venda da Goyard
Após se manter por cinco gerações na família Goyard, a marca foi comprada em 1998 por Jean-Michel Signoles, que atuou de maneira primorosa ao levá-la ao estrelato sem comprometer a sua integridade, a qualidade dos seus produtos ou seu know-how.
Signoles trabalhou introduzindo modelos de bolsas mais modernos e com variações de padrões e cores. Dessa forma, obteve sucesso em conquistar um grande público para a marca.
Nessa época, Signoles comprou de volta os itens Goyard obtidos pelo Duque e pela Duquesa de Windsor na década de 30. Sua intenção era unir as peças em uma espécie de exposição, que são mantidas até hoje no Arquivo Goyard, galpão secreto no centro de Paris. Hoje o arquivo conta com mais de 700 itens.
O sucesso crescente da nova apresentação da marca fez com que a maison francesa caísse no gosto de dezenas de celebridades mundiais. Seu principal atrativo se manteve o mesmo: produtos práticos e extremamente exclusivos.
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Devido a esse contexto a marca voltou a estampar editoriais de moda em revistas com seus produtos mais marcantes. Alguns deles são a bolsa-fetiche Saint Louis Tote e a Shopping Bag, ambas com uma diversa cartela de cores.
As décadas de trabalho artesanal e exclusivo geraram algumas marcas-registradas para a grife, como o Chevron (seu monograma, datado de 1892) e sua estampa clássica com galhos entrelaçados em forma de Y (remetendo à atividade ancestral da família, que transportava madeira no Rio Sena).
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No final do século XX, a grife francesa conseguiu se expandir para os Estados Unidos, Japão e Hong Kong, alguns dos mercados mais interessados em itens luxuosos e sofisticados. Em 2000 estabeleceu uma parceria com a Barneys New York, badalada loja de departamentos de luxo, o que lhe garantiu ainda mais sucesso e popularidade à marca.
Goyard nos dias atuais
Atualmente a marca possui 18 lojas ao redor do mundo, em cidades como Paris, Nova York, São Paulo, Hong Kong, Londres, Seul, Kyoto, Osaka, Tóquio, Beverly Hills, São Francisco, Boston, Beijing e Xangai. Também é possível encontrar seus produtos em algumas lojas de departamento, como Barneys New York e Bergdorf Goodman.
A Goyard inaugurou o seu primeiro ponto de venda em território brasileiro em 2008, dentro da Villa Daslu, em São Paulo. Em 2012 a grife abriu uma loja própria no shopping JK Iguatemi, também em São Paulo, sendo essa a sua primeira loja localizada no hemisfério sul do globo.
Lá é possível encontrar as coleções de bolsa Goyard, incluindo modelos de sucesso como Saigon, Montecarlo, St. Honoré e Vendome, baús, malas de viagem e pequenos acessórios, como carteiras, por exemplo.
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Além disso, essa é única unidade no mundo que dispõe de um ateliê com artesã que faz o marquage (marcação das iniciais da cliente nos acessórios, procedimento esse que pode ser acompanhado pelo comprador ou compradora). Isso vale para qualquer produto da marca, seja um item recém-adquirido, herdado ou comprado em outras lojas da marca.
O espírito e a essência Goyard
A exclusividade conferida pela essência da marca aos seus produtos é um dos fatores que mais incitam a sua popularidade. Seu diferencial é não se prender ao lançamento de coleções, mas manter o foco em seu espírito tradicional, baseando-se em produtos produzidos no passado.
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De vez em quando a marca trabalha com o lançamento de novas cores, agitando o mercado consumidor, que volta a procurar avidamente pelas suas novidades.
Recentemente, por exemplo, a marca lançou uma linha de produtos na cor cinza, o que causou um grande agito entre os admiradores de produtos dessa categoria.
Uma das mais recentes e bem-sucedidas criações da marca foi a Lancôme/Goyard Vanity Case, pequena maleta de maquiagens feita com a tecnologia e qualidade Goyard, composta por produtos da Lancôme, marca francesa de cosméticos da L’Oréal. Esse item foi vendido pelo valor de 18 mil dólares.
Mantendo a tradição centenária, a marca mantém até hoje uma linha de produtos para animais, que inclui coleiras e pratos para viagem, entre outros itens.
Em 2010 foi lançado um livro de 200 páginas sobre a história da Maison, contendo imagens de modelos criados ao longo dos anos, desde a sua criação.
A edição limitada contou apenas com 233 cópias, que eram apresentadas em uma mala própria e numerada. Esse regalo nada singelo custou cerca de 6 mil euros, e os interessados em comprá-lo tinham de marcar horário para checar a disponibilidade das peças.
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A marca já conquistou diversos clientes de destaque ao redor do mundo, tais como o escritor escocês Conan Doyle, o bilionário americano John Rockfeller, a atriz francesa Sarah Bernhardt, a família Rothschild, o Marajá de Kapurthala, a estilista Coco Chanel e o pintor Pablo Picasso, entre diversas outras figuras importantes. O chef francês Alain Ducasse, por exemplo, possui um baú custodiado para guardar suas facas.
Em uma das raras entrevistas concedidas pela marca, foi revelado para a revista ELLE americana alguns fatores determinantes para produzir um item tão especial e desejado:
“Cada pedido especial é o resultado de uma colaboração próxima entre o cliente e a equipe Goyard. Nós começamos com uma entrevista profunda, para entender suas expectativas e visões, seguido de uma aquarela muito precisa da futura peça”.
Com tantas opções de personalização em termos de materiais, formatos, tamanhos, cores e funções, os clientes Goyard podem manter sua imaginação livre para solicitar produtos que atendam às suas necessidades e desejos.
Atualmente, a Goyard produz pedidos especiais e itens sob encomenda na cidade de Carcassonne, localizada no interior da França.