A ligação das marcas de moda ao desmatamento
Comemorado no dia 04 de Outubro, o Dia da Natureza foi criado com o objetivo de conscientizar a população a respeito da importância da preservação do meio ambiente. O dia foi escolhido por conta da celebração a São Francisco de Assis, um frade católico e santo que se destacou por ser defensor da natureza e dos animais.
Infelizmente, a consequência de nossos atos e também da indústria, principalmente da moda, já são visíveis nos dias atuais e só se intensificam com o passar do tempo. A indústria têxtil é conhecida por ser uma das mais poluentes que existem, não apenas poluindo as águas, mas também gerando grandes quantidades de resíduos e possui ligação direta com o desmatamento de florestas.
Confiram mais sobre o papel da moda e sua ligação com o desmatamento da natureza:
Moda e Desmatamento
Não é novidade para ninguém que a indústria da moda é considerada uma das maiores contribuintes para a poluição do Planeta Terra. Em um relatório inédito publicado pela ONG Stand.earth, em Novembro de 2021, foi divulgada a relação de pelo menos 50 grandes marcas de moda e fornecedores cuja atividade contribui para a destruição da floresta amazônica, sendo a principal causa a confecção de peças e acessórios em couro.
A atividade pecuária não é apenas uma das grandes responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa (GEEs) no país, mas também é o principal motivo de desmatamento no bioma, onde árvores são destruídas para transformar as terras em pastagens (53 milhões de hectares destruídos na bacia amazônica em 2017, em comparação com 14 milhões em 1985, segundo a plataforma Mapbiomas).
Como falamos acima, indústria pecuária é o maior impulsionador do desmatamento da floresta amazônica e das florestas tropicais em todo o mundo. O desmatamento causado pela pecuária na Amazônia é responsável por quase 2% das emissões globais de CO2 anualmente, o equivalente às emissões de todos os voos de avião em todo o mundo. E estamos falando apenas da floresta Amazônica, desconsiderando regiões de destaque para a pecuária, como o Cerrado. Ou seja, na realidade, esse valor tende a ser muito maior. Vale lembrar que a indústria da moda emite 2,1 bilhões de toneladas de GEEs anualmente – 4% das emissões globais que podem ser volumes maiores, tendo em vista a dificuldade em rastrear sua rede.
A partir de uma das principais fornecedoras brasileiras, a JBS (conhecida por seu impacto no desmatamento da Amazônia), a investigação, que ainda estava em curso quando o relatório foi publicado, resultou em mais de 400 conexões individuais da rede de suprimento entre diversas empresas, como curtumes brasileiros, processadores de couro em vários países, fabricantes de produtos e marcas de moda em todo o mundo. Dentre os nomes mencionados no documento, estão as marcas Louis Vuitton, Dior, H&M, Nike, Zara, Tiffany & Co e Tommy Hilfiger, dentre muitas outras.
Embora o estudo da ONG não demonstre uma relação direta entre cada grife e o desmatamento da Amazônia, os pesquisadores encontraram múltiplas conexões nas cadeias globais de abastecimento da indústria da moda. Na verdade, para atender à demanda do consumidor por bolsas, sapatos e outros artigos de couro, a indústria da moda terá que abater 430 milhões de vacas por ano até 2025, segundo um artigo do jornal inglês The Guardian.
Entre incêndios e atividades agrícolas intensivas, a maior floresta tropical do mundo tem experimentado um declínio alarmante nos últimos anos. Segundo um estudo publicado no último mês de abril pela Nature Climate Change, entre 2010 e 2019, a Amazônia emitiu cerca de 18% a mais de carbono do que absorveu, com 4,45 bilhões de toneladas liberadas, ante 3,780 milhões de toneladas armazenadas.
O desaparecimento gradual da Amazônia é um dos “pontos de inflexão” identificados pelos especialistas, que pode causar uma mudança dramática e irreparável no sistema climático. Por isso, marcas de moda necessitam continuar seus esforços para encontrar formas mais sustentáveis de produção para que seu impacto na natureza seja menor.