De onde vem as tendências de moda?
As tendências, seja de moda ou de outro setor, são regidas através de pessoas e são elas as responsáveis pelas transformações cotidianas ao redor do mundo, gerando novos comportamentos e demandas. Fruto de movimentos em crescimento ou em queda, elas são reflexo de mudanças.
Uma das maiores empresas de previsão de tendências é a WGSN, que, através da metodologia proprietária, conhecida como STEPIC, mapeia os principais movimentos em torno das mudanças ocorridas na sociedade, política, economia, tecnologia e meio-ambiente, cruzando todos esses fatores com o seu olhar direcionado para a indústria para previsões de tendências por segmento.
Para se entender sobre tendências, sobre como elas nascem ou deixam de existir, é necessário compreender o ciclo de 20 anos. É bastante comum que tendências mais abrangentes retornam ao imaginário do consumidor após 20 anos, o que é um fato muito comum no mundo da moda, já que muitas vezes tendências do passado voltam com muita força muitos anos depois de que tiveram seu ápice.
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Como exemplo, quando olhamos para os anos 90, várias tendências-chave dessa década são releituras de peças icônicas dos anos 70. Ou seja, a cada 20 anos, observamos gerações mais novas olhando para décadas passadas e repaginando as tendências estéticas referências da época.
Vejamos agora as tendências mostradas nas passarelas no último mês, estamos vendo bastantes ícones dos anos 2000 de volta, como a minissaia e peças de cinturas baixa. Em 2018, a WGSN já tinha identificado os primeiros sinais de retorno desta década, atualmente a influência dos anos 2000 já encontra-se próximo de chegar ao mercado mainstream, no qual a tendência já começa a decair.
Em uma parceria feita com a própria WGSN, o site FFW faz uma análise de tendências vistas recentemente para entendê-las melhor e também para descobrir de onde vieram. Confiram:
Utilitário
A insegurança econômica e a recessão terão impactos significativos até 2023, fazendo com que o consumidor reavalie suas prioridades e necessidades. O frugalismo será tratado como uma ‘habilidade de vida’ – nesse cenário, as marcas terão que desenvolver produtos que possam ser feitos e usados de modo eficiente, que promovam a autossuficiência e que se alinhem aos valores e interesses do público. Os hábitos de compra no pós-pandemia serão mais ponderados, e veremos um desejo crescente por roupas funcionais criadas com a sustentabilidade e a longevidade em mente.
Influenciado também pela vertente da nostalgia dos anos 90/2000 que continua super em alta, o utilitarismo também surgirá como uma opção de releitura da época para um público mais maduro, além do #Y2K, que tem se mostrado muito forte para gerações mais jovens.
Tonalidades desérticas/terrosas
À medida que a turbulência dos últimos anos vai diminuindo, veremos emergir uma busca coletiva pelo equilíbrio e felicidade, tanto em nível individual quanto coletivo. Produtos e tons que promovam bem-estar, autocuidado e rituais de cura serão particularmente relevantes, assim como o uso de ingredientes e processos naturais – pigmentos silvestres, texturas rústicas e materiais de origem regenerativa.
Nesse processo de mudança e busca pela felicidade em 2023, produtos e experiências que alimentem a alma e nutram o espírito serão atraentes e necessários. Marrons terrosos e tonalidades do pôr do sol lideram esta paleta, que traz conforto, serenidade e felicidade, transmitindo perfeitamente a sensação de acolhimento.
Além do fator emocional, os tons desérticos também flertam com a paleta de neutros que serão bastante explorados nas próximas temporadas pelo seu apelo trans sazonal influenciado pelo aumento do custo de vida que vem impactando diferentes países ao redor do mundo.
Lingerie
Após um longo período de reclusão vivenciado nos últimos anos, houve um boom na procura por visuais e peças mais sexy com o fim das restrições de deslocamento no último ano, influenciado pelo desejo de novos ares depois do uso majoritário de moletons e também pela privação de relações experienciadas neste período.
Como forma de atualização dessa tendência, veremos que a sensualidade estará cada vez mais relacionada ao fator de diversidade, com a inclusão de diferentes tipos de corpos e gêneros, assim como de empoderamento feminino em protesto à narrativa de propriedade do corpo feminino que por muito tempo foi ditado pelo público masculino.
Preto sob Preto
O medo e as incertezas globais impulsionaram uma estética mais sombria, com o ressurgimento do tema identificado no começo de 2020 na WGSN. Essa estética sombria e com o ar futurístico foi apelidada de “avant apocalypse”, como forma de ilustração visual de uma geração que está crescendo em tempos turbulentos e crescentes ameaças políticas, econômicas e ambientais.
Os looks punk e customizados foram combinados com o clima de instabilidade mundial, principalmente no mercado jovem, já que esse público recorreu à moda para expressar a sua angústia e rebeldia. Apresentado em propostas mais sexy também nessa temporada, o preto continuará forte para as próximas estações devido ao seu apelo trans sazonal e de versatilidade de aplicação para diferentes categorias.
Com o aumento do custo de vista e os consumidores procurando peças atemporais, veremos cada vez mais as temporadas serem menos demarcadas e com tons como preto, perdendo o apelo invernal.
O que achou sobre estudo de tendências e de como elas surgem? Nos conte nos comentários!